sábado, 25 de fevereiro de 2012

Primeira ida a pé para a minha casa sozinha

Uma das coisas que os doentes de Alzheimer têm tendência a fazer é deambular, podendo até perder-se.
Felizmente a minha mãe está habituada a levar a cadela à rua naquela voltinha automática e mecânica. Não queremos tirar-lhe isso enquanto não for necessário, entretanto quem "sofre" é a cadela que por vezes vai à rua várias vezes de seguida sem ter vontade, do género a minha mãe chega a casa, vai à cozinha, volta a pegar na trela e a insistir com a cadela para se levantar para ir de novo (umas vezes consegue outras não consegue demover a cadela). Claro que o meu pai se irrita por vezes e os vizinhos acham esquisito, mas enfim que fazer, trancá-la em casa?

Ora hoje o que aconteceu? O meu namorado tinha vindo passar o fim de semana comigo, tínhamos ido passear e liga a minha mãe a perguntar onde estou e muito nervosa e agitada. Respondo que quase a chegar a casa, mais 5 minutos e ela diz que está na vizinha de baixo. Mas porque raio estaria na vizinha de baixo? Na minha vizinha? Chegando estava completamente transtornada. E foi assim naquele estado e nas escadas do prédio que o John a conheceu. Lá subimos, ele foi fazer um chá e eu na sala a tentar acalmá-la. A falar mal do meu pai, que era assim e assado e não sabia nada dele. Liguei e ele estava nos meus tios. O que se tinha passado foi que tinham ido almoçar aos meus tios em Silves e a minha mãe queria ir para casa. O meu pai queria ajudar o meu tio numas coisas e a minha tia como vinha para estes lados trouxe-a e deixou-a em casa. Tudo normal. Acho que se deve ter esquecido onde o meu pai estava e começa a fazer curto circuito na cabeça dela, uma série de pensamentos negativos que estava sozinha e isso e vá de se pôr a caminho de minha casa, sem me perguntar se estava. Também porque cada vez menos sabe usar o telemóvel. Aliás foi a vizinha que lhe fez a chamada para mim.

Não foi de todo como tinha imaginado o John conhecer a minha mãe. Depois fui levá-la a casa, pois ela não parava de repetir que queria ir para casa, e esperar que o meu pai chegasse dos meus tios.

Foi um dia muito complicado...


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O banho

Tem sido uma luta que tome banho pois sempre interpretou uma invasão da privacidade dela eu ou o meu pai chamarmos a atenção que precisa de tomar banho pois "é uma coisa muito íntima minha" diz ela e claro que não normal uma filha ajudar uma mãe a tomar banho. E teimosa era muito complicado mesmo. Felizmente a nível de duche já está melhor, eu digo que vai tomar banho e vai mesmo e acabou-se, mas vai-se muito a baixa, de corpo mole e quase que faz birra tirando a roupa muito devagarinho. Para ela tomou banho ontem! Mesmo que já tenha sido há dias ou uma semana. Ou então assegura que toma amanhã, mas claro que por iniciativa dela não toma. Mas felizmente já não me rejeita e toma o banho. Problema é que o meu pai compra sempre uma briga quando a faz tomar banho e eu com tudo o resto acabo por não a fazer tomar banho com a frequência que devia. Sinto que preciso de duas de mim...