quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Comprimido dado pelo John tem outro sabor!

Já tinha dito que a minha mãe gosta muito do meu namorado e que aceita melhor certas coisas por ele, do que por mim ou o meu pai. Tomar a medicação é uma delas, connosco é um filme e nem sempre o meu pai consegue que ela tome ou quando tome é depois de muita insistência e birra. Com o John é sempre mais fácil. Mas hoje foi hilariante, o meu pai deu o comprimido ao John, ele abriu e deu à minha mãe e ela jogou prontamente para dentro da boca como quem come rebuçados! Os meus olhos cruzaram-se com os olhos do meu pai e não conseguimos evitar umas gargalhadas com a ironia da situação...

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Febre

Tenho-me sentido esquisita e acabei por ficar com febre. O meu pai atento a perguntar como me sinto ligando e até me trouxe sopinha. Dantes era a minha mãe sempre atenta e preocupada comigo e o meu pai mais descuidado com essas coisas. Estamos uma família com os papéis todos trocados do que eram antes desta maldita doença.

Mais uns dias e o meu amor está de volta! Esteve 3 semanas em Belfast com a família pois o tio faleceu e aproveitou para tratar de vender o carro e mais umas coisas pendentes.

sábado, 20 de outubro de 2012

Crise de ansiedade

Ok, tive uma crise de ansiedade no trabalho esta semana. Tenho-me sentido com um aperto no peito, ansiosa. E uma vontade de chorar o tempo inteiro. Estava no meu gabinete a tentar trabalhar e começo a hiperventilar, chorar compulsivamente, mãos suadas. Vou falar com a minha colega e ela faz-me ir lá abaixo à consulta aberta falar com o médico. Estava difícil de me controlar, fizeram-me deitar um pouco na marquesa e dar algo para beber e ali fiquei eu, até deixar de chorar e me acalmar.
No dia seguinte senti-me melhor, meti na cabeça que não posso estar assim, afinal não resolve nada, mas mesmo assim durante uma semana tive altos e baixos, mais baixos.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ajuda precisa-se

Se há coisa que tenho consciência é que tenho também de me preocupar com o meu pai. O não ter tempo para ele, o ter de fazer as coisas em casa, o andar sempre à procura de coisas em casa que desaparecem por a minha mãe as mudar de sítio, a conversa repetitiva dela, as alturas em que está  embirrenta e levam às urras...

Por isso no inicio do ano pus uma pessoa a ir lá a casa dar um jeitinho e limpar, para a casa estar menos caótica. Resistiram um pouco mas lá aceitaram.

Mas essa ajuda é insuficiente. A minha mãe precisa de ser mais ocupada e ver outras pessoas e o meu pai precisa de ter espaço para respirar. Eu bem tento passar mais tempo com ela, mas com o trabalho e as minhas coisas para fazer sei bem que precisamos de ajuda.

Há uns 2 meses fui a empresas que prestam cuidados domiciliários pedir orçamentos. A ideia era 3 manhãs semanais ou todas as manhãs um bocadinho, para fazer a minha mãe tomar banho e tomar a medicação (tarefas que nem sempre eu e o meu pai conseguimos), fazê-la mudar de roupa dizendo o que vestir e dar um jeito à casa. 

Mas o meu pai não está receptivo. Aqui há tempos teve várias tentativas de entrarem em casa para furto e meteu na cabeça que talvez a senhora que vai lá limpar tem alguma coisa a ver, pela coincidência dela ter deixado uma faca muito grande que nunca é utilizada num dia em que lhes fez pataniscas, em cima do escorredor da loiça quando nessa noite tentaram entrar pela janela. A senhora continua a lá ir, mas com o meu pai a prestar muita atenção. Ah e essa senhora não pode prestar a assistência extra que procuro pois ela trabalha noutro lado. Resultado: está sempre a dizer que meter pessoas em casa é complicado. Mas eu acho que precisamos de ajuda nessas tarefas que referi.

Mas, dado ele estar difícil de convencer tenho pensado outras coisas também. A semana passada fui ao espaço sénior que pertence à câmara, ver como é  e falar com a técnica. Bem é agradável as pessoas vão lá conversar, fazer jogos, ver tv e são livres de entrar e sair quando quiserem. É também servido lanche todas as tardes fornecido pela câmara municipal. Ok, a minha maior preocupação era a minha mãe pirar-se de lá, mas o gabinete dela está junto à porta e ela diz que falando com as senhoras elas davam uma ajuda estando atentas e intervindo se a minha mãe tentasse sair. Há também o problema de impaciência e como ela se iria adaptar... Mas talvez seja de experimentar por um período de tempo curtinho a ver como corre. Podia ir todos os dias uma horinhas ou duas.

Ontem fui falar com a directora do centro de dia e que conhece muito bem a minha mãe e o meu pai. A minha mãe há mais de anos, altura em que o meu avô Maio foi para o centro e elas davam-se muito bem, lembro-me que até oferecia coisas para o bebé na altura em que a doutora Alzira engravidou, etc O meu pai pelo meu avô e porque trabalhou 2 anos como motorista no centro. Ela disse que os encontrou no outro dia em que o meu pai foi lá tratar das coisas do meu avô João ter falecido e que já tinha notado que a minha mãe não estava bem. Gostei muito de falar com ela. Gostei muito de me ter dito que pelo carinho e respeito que tem pela minha mãe será bem vinda no centro de dia caso desejasse. Mas... lá está como iria a minha mãe reagir com velhotes? Embora seja centro de dia para passar umas horas e não seja no outro edifício da mesma instituição que era mesmo centro a tempo inteiro onde primeiro um avô e depois outro estiveram e onde até há bem pouco tempo íamos antes do meu avô falecer, mesmo sendo este centro de dia mais neutro e noutra localização, a minha mãe ir passar tempo rodeada de velhotes? Ainda não me atrevi a sugerir. Além disso há outro problema no centro de dia as saídas não são controladas disse a dr Alzira, são pessoas autónomas no centro de dia e que entram e saem quando querem, portanto há riscos da minha mãe sair pela porta e ela avisou logo que está disponível a recebê-la mas há essa questão. Outra coisa que ela sugeriu foi consultar outra neurologista, pedir mais uma opinião. Diz que tem ouvido falar muito bem e visto bons resultados em utentes de lá com a Dra Edemeia do hospital do Barlavento. Acho que vou marcar a ver.

Depois de lá ir lembrei-me de passar no café da minha madrinha. No domingo quando eu e a minha mãe estávamos na campanha de adopção dos bichos ela, uma amiga e a filha meteram conversa connosco. Passei por lá para explicar a situação e isso, não sabia ao certo se sabiam. Verdade se diga não sou próxima dos meus padrinhos e desde que subiram na vida acho ela especialmente algo soberba e pouco sincera. Incomodou-me os comentários como várias vezes "coitada" "é uma doença terrível". A minha mãe não é nenhuma coitada! E não gosto que falem dela assim. Mas calei. Bem mas talvez a minha ida lá tenha frutos pois a minha madrinha e a mãe conhecem uma pessoa que trabalha para uma daquelas empresas de cuidados que eu tinha pedido orçamentos e dizem que é uma excelente pessoa para além de morar perto dos meus pais. Vão dar-me o nº e assim falo pessoalmente, além de que se o contacto der nalguma coisa e conseguir convencer o meu pai ela deve pedir um valor diferente dos valores quando há uma empresa/agência pelo meio. Lá ver...

Acho que uma junção de cuidados domiciliários (ajuda duche, escolher roupa, dar medicação e ajeitar a casa, passear um pouco) e a minha mãe umas horinhas em centro fariam muito bem a todos nós.

Entretanto ontem quando fui aos meus pais o meu pai estava completamente desnorteado. Diz que não fez nada a tarde toda e andava apoquentado porque a minha mãe tinha escondido/perdido as chaves dele. Sempre que ele se queixa e resmunga dalguma coisa que ela faz, ela fica muito em baixo e reclama por ele a culpar de tudo e que não foi ela. Mas também entendo a frustração do meu pai claro. Ao fim de umas horas lá apareceram as chaves. Pela perna abaixo da minha mãe. Tinha-as posto dentro das calças e elas escorregaram até aos pés... Mas claro que ela tinha jurado o tempo todo que não foi ela é sempre assim.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Dormir vestida, duche e mudar de roupa

Pois, disse-me o meu pai e passei-me, que muitas vezes a minha mãe não quer tirar a roupa do dia e dorme vestida. Ele para não comprar mais brigas de tão massacrado que é quando não consegue mudar-lhe de ideias deixa passar. Acorda nem toma duche nem nada, nem muda de roupa, pois se não fizermos especial insistência por ela andava semanas sem tomar duche ou com a mesma roupa. Tenho de fazer mais diligências, que isto assim não dá para continuar e finalmente convencer o meu pai a aceitar mais ajuda!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Domingo...

Filme quase todos os dias, a qualquer hora do dia (mesmo quando estou no trabalho).

A minha mãe em dia não a chatear a cabeça ao meu pai para me ligar.
O meu pai liga e diz que ela quer falar comigo e passa-lhe o telefone.
"Elsa, filha estás aí? Estou numa grande confusão, desatino, aflição, tormento, desgraça (a palavra varia). Posso ir para aí?/Podes vir cá?"
Mãezinha está tudo bem, não vale a pena ficares assim porque está tudo bem. Agora estou no trabalho/a fazer o jantar/fora de casa. Mais logo/amanhã passo aí/vens cá a casa ok?

Começou ontem assim o domingo com uma chamada deste tipo. Como tinha de ir levar o John ao aeroporto a Faro, disse para ela vir connosco passear, até para dar descanso ao meu pai.

Eu e o John a despachar para irmos, o meu pai chega com a minha mãe. Deixa-a connosco e vai para casa. A minha mãe impaciente pergunta mil vezes pelo meu pai e que está preocupada com ele e quer ir atrás dele. Abre a porta e vá escadas do prédio abaixo (tenho de passar a fechar à chave quando ela vem a minha casa senão isto vira hábito). Correr à janela a vê-la(não podia descer), ligo ao meu pai, ia perto e volta atrás. Sobe com ela e explicamos de novo que vai comigo e com o John a Faro. Ele sai. Ela desce de novo atrás, ligo ao meu pai que está na parte de trás do prédio já no carro. Volta a subir com ela e digo que tem de ficar connosco até nós sairmos e irmos para o carro.

Ir para Faro, tudo calmo. Chegar ao aeroporto, despedir do John já cheia de saudades e a minha mãe impaciente no carro a querer sair e ver tudo. Ele vai, digo à minha mãe para vir para o meu lado ela senta-se no banco. Eu fecho a porta e vou passar pela frente do carro para o meu lugar ela abre porta e sai. Volto a fechar e digo que é para ficar ali, quando volto a passar À frente do carro, sai outra vez e eu volto atrás para fechar a porta e explicar de novo.

Passamos pelo shopping na Guia (tem Fnac e Body Shop que eu queria e o Aqua não tem essas lojas). Quero um livro e decido fazer o cartão Fnac. Esperar. Mãe impaciente a dizer que se vai embora para casa. "Mãe estamos longe de casa, 30 kms não podes ir a pé, espera um bocadinho." Abala e eu tento impedir convencendo e segurar pelo braço. Sensação que todos olham para nós. Ok vamos comer alguma coisa e distrair. Grande fita e pede uma mousse de manga e eu uma laffa de falaffel. Empregada põe copinho com molho de alho para batatas fritas no tabuleiro e uma colher e vai para ir buscar a mousse quando a minha mãe pega na colher e vá colher à boca com molho de alho, fui rápida e consegui impedir. Ficou chateada comigo e comeu a mousse amuada.

Volto a tentar ir à Fnac comprar o livro (desisti de fazer o cartão Fnac senão ficava impaciente). Passamos pro uma miúda e puxa-lhe o cabelo com jeitinho e ri-se. Agora é assim, mete-se com todos os miúdos. Compro o livro e vamos em direcção a Portimão. Pergunto se quer vir ajudar na campanha de adopção que temos em frente ao Continente e estar com os cães, diz que sim. Por um bocado tudo ok (e claro que avisei o meu pai cedinho para a ir buscar) mas cedo fica impaciente e quer ir embora e pergunta pelo meu pai mil vezes. O meu pai chega e fica aliviada e vão embora para casa. Eu fico na campanha a ajudar até ao fim.

Eram 9 da noite, outra chamada como a primeira do dia. Já se deve ter esquecido que passou o dia quase todo comigo...

sábado, 6 de outubro de 2012

Tomar banho, quase sempre um drama

Hoje não me consegui aguentar e comecei a chorar à frente da minha mãe. Fui lá a casa para a convencer a tomar banho, pois por ela pode passar-se uma série de dias sem banho que ela nem dá conta. Ficou toda chateada, não queria mesmo usando de muita paciência e persuasão.

Comecei a chorar de frustração e tristeza. Só queria vir-me embora. Mas ela ficou toda triste por me ver triste e "Anda cá aqui falar comigo. Não te quero ver triste. Tu não entendes que é difícil para mim?" Mãe claro que entendo, claro que sei que também estás triste, que quando te apercebes da situação ficas triste e deprimida  tal como sei que por isso descarregas especialmente no pai. Mas também sei que quero ajudar, quero ver-te bem e cuidar de ti mas por vezes não deixas e dificultas as coisas.

Depois de muitos beijinhos e abracinhos e dizer que gosta muito de mim lá consegui que tirasse a roupa e fomos ao duche. É preciso ajudar e dar-lhe as coisas à mão e dizer onde lavar e ajudar a lavar o cabelo.
Depois no fim estava toda satisfeita, gosta de se sentir fresquinha e cheirosa o problema é convencê-la antes! No entanto como o que ela menos gosta é de lavar a cabeça e sentir a água a correr no cabelo, orelhas (tem uma perfuração no tímpano sempre foi muito cuidadosa a a tomar banho) e na casa se calhar vamos passar a ir à cabeleireira lavar o cabelo uma ou duas vezes por semana porque é mais fácil. Há senhoras que vão todas as semanas arranjar o cabelo, aqui nem seria arranjar era só lavar.

Ah quando lhe estava a pôr espuma nos caracóis perguntou quando é que eu tinha um bebé! Bem sempre quis ter filhos e mais que um, porque sei bem o que é ser filha única e espero em breve eu e o John pensar nisso. Falando nele, vai ver a família a Belfast por 3 semanas pois um tio faleceu. Vou ter imensas saudades do meu amor! Tem sido fundamental e dado muito apoio em tudo é uma pessoa muito especial e com um coração enorme.

Resumindo não foi fácil hoje, mas lá consegui o meu objectivo que era ela tomar banhoca :)