domingo, 16 de dezembro de 2012

Mais uma consulta

Depois do que se passou a semana passada e porque me tinha sido sugerida uma outra médica neurologista resolvi marcar consulta o mais rápido possível. Devido às festas só havia consulta para Janeiro mas expliquei e conseguiram encaixar-nos às 19.30 de sexta feira. Fui antes para conseguir falar com a médica sem a minha mãe presente e explicar brevemente algumas coisas, inclusive a agressão ao meu pai.

Bem estivemos por volta de uma hora à espera e não foi fácil acalmá-la quando lhe começou a dar a impaciência e a fúria, sempre a levantar-se e a dizer que se ia embora. Fomos todos, eu, meu pai e John.

Gostei muito da médica e apreciei o facto de nos atender quase às 9 da noite, devido ao meu pedido e sem pressas ou a querer despachar. Foi fazendo perguntas a que a minha mãe bem disposta e à vontade foi respondendo (mal) mas nervosa pois não gosta de ser posta à prova.

Desta vez acha que estamos em 1974 e quando a médica pediu para ela copiar um desenho tipo este que parecem casinhas

ela começou a escrever casinhas e uns rabiscos.

Para mim estas consultas são sempre extenuantes. E várias vezes fico chorosa tentando disfarçar para a minha mãe não perceber e se concentrar na consulta.

Bem mas saímos com nova medicação, o Ebixa, outra para a acalmar e um sos em caso de agitação extrema em vias de agressão. Estamos a fazer os possíveis para cumprir ao máximo.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Agressividade

Desde segunda não tem sido fácil.
A minha mãe tem andado implicante com o meu pai, mais do que é costume (o que é que ele está a fazer lá em casa, que a casa é dela, que ele é sacana, etc) e culminou o dia com o meu pai a ligar e ouvindo-se a minha mãe a discutir ao fundo, ele dizer-me que a minha mãe o agrediu com uma garrafa na cara. Meu Deus, só eu sei como me sinto nestas situações em que me vejo impotente e com tudo de pernas para o ar.
Resultado: o meu pai tem a parte de baixo do olho negra e inchada e eu tentando falar sobre isto com a minha mãe, que não pode ser, que tem de se controlar, etc sem saber bem como e a minha mãe ripostando, mas não podemos fingir que nada aconteceu.
Quando jantaram lá em casa ontem, o John aproveitou e quando estava na cozinha falou com ela sobre o assunto mas eu fui ouvindo e aí ela foi dizendo triste que não queria ter feito aquilo, que não sabe o que lhe passou pela cabeça e que sabe que não está certo. O John tem um jeito para lidar com a minha mãe que me deixa estupefacta, além de ela fazer quase tudo o que ele diz, consegue puxar por ela e pô-la a ouvir e a falar. Ouvi-a também dizer que acha que não está bem, estava a falar muito lúcida com ele e via-se que se sentia mal pelo que aconteceu.
Mas como chamá-la à razão quando está em fúria no momento, se nem nos ouve, quando a cabeça dela está uma confusão com toda a alteração, quando pensa que todo o mundo está contra ela, quando se vê confusa, triste e angustiada com o que lhe está a acontecer pois por vezes diz ao John "sabes, eu já fui uma senhora" que me parte o coração ainda mais saber que ela se apercebe de como está como quando diz "só queria desaparecer".
Sei que a agressividade é uma das coisas que acontece aos doentes de Alzheimer e normalmente esta é direccionada para o principal cuidador com quem ficam numa relação de amor/ódio e dependência/recusa mas chegar a este ponto não pode ser. Certo é que quando se foram embora a minha mãe já estava toda abracinhos e beijinhos com o meu pai e naquele momento ele era a melhor coisa da vida dela. Até à próxima fúria :(

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Pais do John vieram de visita

Como tinha dito o meu namorado é da Irlanda do norte. Este fim de semana os pais dele vieram cá pela primeira vez e foi muito bom :)

No sábado organizámos jantar lá em casa e finalmente os nossos pais se conheceram. Correu bem e especialmente eu tinha expectativas de como seria a comunicação! O inglês do meu pai não é dos melhores e tem pronúncia tipo treinador José Mourinho mas os pais do John também falam francês e como o meu pai fala francês melhor lá foi assim que comunicaram. Foi engraçado de se ver e via-se que estavam satisfeitos por finalmente se conhecerem. A minha mãe estava muito bem disposta, abanava a cabeça como se estivesse com atenção ao que se dizia e ria-se muito nas conversas mas duvido que percebesse alguma coisa, foi a sua maneira de se participar e integrar.

Ontem quando lá fui aos meus pais perguntei se tinham gostado de conhecer os pais do John e o que achavam e a minha mãe diz que não conhece e nunca viu essas pessoas...

Seria preciso um contacto mais próximo e regular para se lembrar deles.