segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Fim de semana

Sábado
Falo com os meus pais e a minha mãe em dia não. Sempre a chatear que o meu pai que é sacana, que isto e aquilo e o meu pai passado pois claro. Acabo por a trazer para almoçar lá em casa e correu tudo muito bem ela estava com apetite e bem disposta, gostou muito dos individuais coloridos que o John trouxe duma viagem à Guatemala, mas claro passado um bocado quer ir para casa e que o meu pai está sozinho coitado, etc Levo-a a de volta a casa e já estava toda satisfeita com o meu pai. O meu pai diz-me que o meu padrinho passou por casa deles com a tal senhora que toma conta de pessoas que a minha madrinha tinha falado e que mora ali perto.

Domingo
O meu pai todo stressado dizendo que a minha mãe lhe dá cabo do juízo e pergunta se quero ir almoçar com eles que ia fazer peixe assado no forno e como o John foi passar o dia em Monchique downhill fui. A minha mãe começou logo a manhã implicante com o meu pai mas à hora de almoço estava melhor. No entanto e como sei bem que quando está assim há que levá-la a espairecer e passado um bocado o meu pai já é a melhor coisa do mundo, fomos ao Jumbo e ver sapatos. Comprei-lhe umas botas novas superconfortáveis. Levei-a de volta a casa e estava tudo bem. Depois fui ao café estar com a tal senhora. Conversámos bastante sobre a minha mãe a parece-me bem. Orientar a minha mãe a tomar banho, mudar de roupa com mais frequência, tomar a medicação (tudo coisas que aceita melhor serem outros do que eu ou o meu pai), dar um jeito à casa, levá-la a passear e com o bónus de morar pertinho dos meus pais. Não me falou em preços disse para eu fazer uma proposta.

Domingo 23h00
O meu pai liga desatinado que não dá conta da minha mãe, que esteve imenso tempo a chateá-lo e a repetir as mesmas coisas e a insultá-lo e que chegou ao ponto de lhe dar uma espécie de murros. Que ele se defendeu tentando segurar as mãos. Ouço a minha mãe a chorar muito e para mim foi uma dor muito grande posi sei que se sente confusa, triste, perdida embora todos nós tentemos protegê-la, mas quando está no mundo dela e com estes devaneios é complicado fazê-la entender. Mal consegui falar e tive de passar o telefone ao John, que a acalmou foi falando com ela enquanto eu chorava sem parar. Quando me consegui acalmar lá falei com ela e pedi para se acalmar, que era tarde e que precisava que ela se fosse deitar e dormir e amanhã falávamos melhor. Acalmou-.se um pouco, não sei antes dizer mais uns quantos insultos sobre o meu pai e que no dia seguinte ia à guarda. Não consigo apagar os fogos todos e sei que estavam em tempestade mas que rapidamente a coisa acalmava.

Segunda de manhã
Ligo ao meu pai e pergunto discretamente se estava tudo bem e responde que sim. Como se nada se tivesse passado na noite anterior! Bem pelo menos isso e é como que a minha mãe tivesse feito reset da noite anterior, menos mau. No entanto mais para me apaziguar a mim (pois obviamente na noite anterior tive de fazer um grande esforço para não ir a correr e tentar resolver as coisas) passei pelos meus pais antes de ir para o trabalho. A minha mãe estava mais ou menos bem disposta, só tinha as botas novas calçadas nos pés errados e fi-la calçar bem explicando que o fecho é para dentro.

2 comentários:

  1. Olá Elsa, passei aqui pelo teu cantinho para agradecer a tua visita, bem........ já chorei e tudo, li o teu blog todo, do inicio até ao fim e nem sei o que dizer :-(
    A minha mãe só tem menos 3 anos que a tua e nem consigo imaginar o que tu e o teu pai possam estar a passar, realmente só que vive as situações é que sabe o que é, tive uma tia/avó que teve alzheimer mas já tinha 95 anos, faleceu 4 dias antes de fazer os 100 anos e lembro-me de ir visitar e ela falar que tinha de ir para casa para fazer o jantar que o pai e a mãe estavam a chegar a casa, com o tempo eles deixam de viver o presente para viver no passado, realmente é muito triste para quem tem a doença e principalmente para os familiares mais próximos que vêm a pessoa que tanto amam assim.
    Vou continuar a vir aqui ler os teus posts e desejo-te o melhor, muita paciência com a tua mãe e muito apoio ao teu pai, para ele então ainda deve ser bem mais dificil
    Beijinhos
    Lena

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  2. Olá Lena

    É uma grande dor e sentimento de impotência esta doença. Vai-se fazendo o melhor que se pode, afinal os nossos pais cuidaram de nós, temos de fazer o nosso melhor quando as coisas se invertem, mas o que muitas vezes me ocorre é que noutra etapa da vida com outra experiência e maturidade talvez seja um bocadinho mais fácil. Muitas vezes sinto-me perdida e a precisar de colo. Eu com 29 anos nem filhos tenho ainda e tenho de ajudar a cuidar da minha mãe. Este blog faço-o como desabafo meu e para partilhar a minha experiência com quem esteja a passar pelo mesmo ou para que quem não saiba o que isto é perceber um bocadinho melhor a situação.
    beijinhos

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