quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Agressividade

Desde segunda não tem sido fácil.
A minha mãe tem andado implicante com o meu pai, mais do que é costume (o que é que ele está a fazer lá em casa, que a casa é dela, que ele é sacana, etc) e culminou o dia com o meu pai a ligar e ouvindo-se a minha mãe a discutir ao fundo, ele dizer-me que a minha mãe o agrediu com uma garrafa na cara. Meu Deus, só eu sei como me sinto nestas situações em que me vejo impotente e com tudo de pernas para o ar.
Resultado: o meu pai tem a parte de baixo do olho negra e inchada e eu tentando falar sobre isto com a minha mãe, que não pode ser, que tem de se controlar, etc sem saber bem como e a minha mãe ripostando, mas não podemos fingir que nada aconteceu.
Quando jantaram lá em casa ontem, o John aproveitou e quando estava na cozinha falou com ela sobre o assunto mas eu fui ouvindo e aí ela foi dizendo triste que não queria ter feito aquilo, que não sabe o que lhe passou pela cabeça e que sabe que não está certo. O John tem um jeito para lidar com a minha mãe que me deixa estupefacta, além de ela fazer quase tudo o que ele diz, consegue puxar por ela e pô-la a ouvir e a falar. Ouvi-a também dizer que acha que não está bem, estava a falar muito lúcida com ele e via-se que se sentia mal pelo que aconteceu.
Mas como chamá-la à razão quando está em fúria no momento, se nem nos ouve, quando a cabeça dela está uma confusão com toda a alteração, quando pensa que todo o mundo está contra ela, quando se vê confusa, triste e angustiada com o que lhe está a acontecer pois por vezes diz ao John "sabes, eu já fui uma senhora" que me parte o coração ainda mais saber que ela se apercebe de como está como quando diz "só queria desaparecer".
Sei que a agressividade é uma das coisas que acontece aos doentes de Alzheimer e normalmente esta é direccionada para o principal cuidador com quem ficam numa relação de amor/ódio e dependência/recusa mas chegar a este ponto não pode ser. Certo é que quando se foram embora a minha mãe já estava toda abracinhos e beijinhos com o meu pai e naquele momento ele era a melhor coisa da vida dela. Até à próxima fúria :(

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