quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ajuda precisa-se

Se há coisa que tenho consciência é que tenho também de me preocupar com o meu pai. O não ter tempo para ele, o ter de fazer as coisas em casa, o andar sempre à procura de coisas em casa que desaparecem por a minha mãe as mudar de sítio, a conversa repetitiva dela, as alturas em que está  embirrenta e levam às urras...

Por isso no inicio do ano pus uma pessoa a ir lá a casa dar um jeitinho e limpar, para a casa estar menos caótica. Resistiram um pouco mas lá aceitaram.

Mas essa ajuda é insuficiente. A minha mãe precisa de ser mais ocupada e ver outras pessoas e o meu pai precisa de ter espaço para respirar. Eu bem tento passar mais tempo com ela, mas com o trabalho e as minhas coisas para fazer sei bem que precisamos de ajuda.

Há uns 2 meses fui a empresas que prestam cuidados domiciliários pedir orçamentos. A ideia era 3 manhãs semanais ou todas as manhãs um bocadinho, para fazer a minha mãe tomar banho e tomar a medicação (tarefas que nem sempre eu e o meu pai conseguimos), fazê-la mudar de roupa dizendo o que vestir e dar um jeito à casa. 

Mas o meu pai não está receptivo. Aqui há tempos teve várias tentativas de entrarem em casa para furto e meteu na cabeça que talvez a senhora que vai lá limpar tem alguma coisa a ver, pela coincidência dela ter deixado uma faca muito grande que nunca é utilizada num dia em que lhes fez pataniscas, em cima do escorredor da loiça quando nessa noite tentaram entrar pela janela. A senhora continua a lá ir, mas com o meu pai a prestar muita atenção. Ah e essa senhora não pode prestar a assistência extra que procuro pois ela trabalha noutro lado. Resultado: está sempre a dizer que meter pessoas em casa é complicado. Mas eu acho que precisamos de ajuda nessas tarefas que referi.

Mas, dado ele estar difícil de convencer tenho pensado outras coisas também. A semana passada fui ao espaço sénior que pertence à câmara, ver como é  e falar com a técnica. Bem é agradável as pessoas vão lá conversar, fazer jogos, ver tv e são livres de entrar e sair quando quiserem. É também servido lanche todas as tardes fornecido pela câmara municipal. Ok, a minha maior preocupação era a minha mãe pirar-se de lá, mas o gabinete dela está junto à porta e ela diz que falando com as senhoras elas davam uma ajuda estando atentas e intervindo se a minha mãe tentasse sair. Há também o problema de impaciência e como ela se iria adaptar... Mas talvez seja de experimentar por um período de tempo curtinho a ver como corre. Podia ir todos os dias uma horinhas ou duas.

Ontem fui falar com a directora do centro de dia e que conhece muito bem a minha mãe e o meu pai. A minha mãe há mais de anos, altura em que o meu avô Maio foi para o centro e elas davam-se muito bem, lembro-me que até oferecia coisas para o bebé na altura em que a doutora Alzira engravidou, etc O meu pai pelo meu avô e porque trabalhou 2 anos como motorista no centro. Ela disse que os encontrou no outro dia em que o meu pai foi lá tratar das coisas do meu avô João ter falecido e que já tinha notado que a minha mãe não estava bem. Gostei muito de falar com ela. Gostei muito de me ter dito que pelo carinho e respeito que tem pela minha mãe será bem vinda no centro de dia caso desejasse. Mas... lá está como iria a minha mãe reagir com velhotes? Embora seja centro de dia para passar umas horas e não seja no outro edifício da mesma instituição que era mesmo centro a tempo inteiro onde primeiro um avô e depois outro estiveram e onde até há bem pouco tempo íamos antes do meu avô falecer, mesmo sendo este centro de dia mais neutro e noutra localização, a minha mãe ir passar tempo rodeada de velhotes? Ainda não me atrevi a sugerir. Além disso há outro problema no centro de dia as saídas não são controladas disse a dr Alzira, são pessoas autónomas no centro de dia e que entram e saem quando querem, portanto há riscos da minha mãe sair pela porta e ela avisou logo que está disponível a recebê-la mas há essa questão. Outra coisa que ela sugeriu foi consultar outra neurologista, pedir mais uma opinião. Diz que tem ouvido falar muito bem e visto bons resultados em utentes de lá com a Dra Edemeia do hospital do Barlavento. Acho que vou marcar a ver.

Depois de lá ir lembrei-me de passar no café da minha madrinha. No domingo quando eu e a minha mãe estávamos na campanha de adopção dos bichos ela, uma amiga e a filha meteram conversa connosco. Passei por lá para explicar a situação e isso, não sabia ao certo se sabiam. Verdade se diga não sou próxima dos meus padrinhos e desde que subiram na vida acho ela especialmente algo soberba e pouco sincera. Incomodou-me os comentários como várias vezes "coitada" "é uma doença terrível". A minha mãe não é nenhuma coitada! E não gosto que falem dela assim. Mas calei. Bem mas talvez a minha ida lá tenha frutos pois a minha madrinha e a mãe conhecem uma pessoa que trabalha para uma daquelas empresas de cuidados que eu tinha pedido orçamentos e dizem que é uma excelente pessoa para além de morar perto dos meus pais. Vão dar-me o nº e assim falo pessoalmente, além de que se o contacto der nalguma coisa e conseguir convencer o meu pai ela deve pedir um valor diferente dos valores quando há uma empresa/agência pelo meio. Lá ver...

Acho que uma junção de cuidados domiciliários (ajuda duche, escolher roupa, dar medicação e ajeitar a casa, passear um pouco) e a minha mãe umas horinhas em centro fariam muito bem a todos nós.

Entretanto ontem quando fui aos meus pais o meu pai estava completamente desnorteado. Diz que não fez nada a tarde toda e andava apoquentado porque a minha mãe tinha escondido/perdido as chaves dele. Sempre que ele se queixa e resmunga dalguma coisa que ela faz, ela fica muito em baixo e reclama por ele a culpar de tudo e que não foi ela. Mas também entendo a frustração do meu pai claro. Ao fim de umas horas lá apareceram as chaves. Pela perna abaixo da minha mãe. Tinha-as posto dentro das calças e elas escorregaram até aos pés... Mas claro que ela tinha jurado o tempo todo que não foi ela é sempre assim.

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